Na sexta-feira, dia 18 de junho, o mundo perdeu o seu último grande escritor vivo.
Quando coloquei no Jornal Hoje e ouvi a Sandra Annenberg falando que o homem que revolucionou a literatura, um grande gênio (e mais outras coisas que não lembro) havia morrido tive certeza que era ele antes mesmo da jornalista terminar de falar.
Eu simplesmente o AMO. Podem reparar que sempre falei dele aqui, nas minhas paixões está em primeiro lugar e em letras maiúsculas SARAMAGO, sempre!
Conheci sua obra antes mesmo de entrar na faculdade, lendo o famoso Ensaio Sobre a Cegueira. Depois, durante o curso de Letras, me apaixonei pela Literatura Portuguesa (minha matéria preferida) e encantei-me por José Saramago. Li ainda "O Evangelho Segundo Jesus Cristo", " O ano da morte de Ricardo Reis", "Ensaio Sobre a Lucidez", "A viagem do Elefante" e apresentei um seminário sobre " As intermitências da Morte".
Ah também estudei a peça teatral "Que farei comeste livro?" sobre Camões.
Nada se comparava à sua maneira de escrever. Seus textos não tinham pontuação, os parágrafos eram longos, podendo durar até umas cinco páginas. Nomes próprios eram escritos com letra minúscula, e mesmo assim os leitores entendiam a mensagem que tinha pra passar. Saramago tinha o cuidado de não deixar que traduzissem os seus livros para o Português brasileiro, assim nós entramos em contato com a Língua Portuguesa em sua versão mais pura, eram objectos, projectos, sítios e outras palavras com significados e ortografia diferentes.
Foi uma grande perda, mas como o próprio disse na última entrevista para o Jornal da Globo em 2008, "tenho 84 anos viverei mais dois ou três" e foi exatamente esse tempo que viveu.
Não temia a morte e falava dela com muita naturalidade, encarando-a como algo inevitável, para o autor a morte era a diferença entre estar nesse mundo e já não estar mais.
Agora ele já não está mais. E como disse o diretor Fernando Meireles, "o mundo ficou ainda mais burro e cego."